Neto em evento do SindPD quando a entidade completou 30 anos. Foto: Divulgação |
Em artigo publicado pela imprensa, o presidente do Sindpd,
Antonio Neto, debateu pontos positivos da regulamentação da profissão de TI
(Tecnologia da Informação). O dirigente apontou benefícios que a regulamentação
traria não apenas para os trabalhadores do setor, mas também para empresas de
tecnologia e para toda sociedade.
O texto assinado por Neto foi publicado pelos principais
portais de TI do País, entre eles Convergência Digital e ComputerWorld. No
artigo, o presidente do Sindpd diz que, além de valorizar profissionais da
área, a regulamentação ajudaria a atrair talentos para o setor.
Leia a seguir a
íntegra do artigo:
“Regulamentação da profissão de TI: valorizar e atrair
talentos
Antonio Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em
Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo
(Sindpd) e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
O setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) é um
dos mais pujantes do País. Embora ainda esteja longe de atingir a sua
maturidade e continue em plena evolução, esse segmento já representa uma
parcela bastante significativa da riqueza nacional. Só no ano passado, a área
de TIC movimentou mais de R$ 530 bilhões, o que representou quase 9% do PIB
nacional no período.
Os números envolvendo os trabalhadores do segmento também
comprovam a sua importância. São 1,2 milhão de profissionais, sendo que quase
450 mil estão dentro de empresas que têm como atividade principal a produção de
tecnologia. O restante, mais de 750 mil profissionais, atua em companhias de
outros segmentos, como no varejo, em bancos, hospitais e na indústria em geral.
É uma prova contundente de que, nos tempos atuais, é impossível pensar em um
único setor que não dependa da tecnologia para existir e poder ampliar a sua
competitividade.
Diante deste cenário, é um grande contrassenso que ainda
hoje estejamos lutando para garantir o básico a esse enorme contingente de
trabalhadores: que a sua profissão seja regulamentada e reconhecida de fato e
de direito. É impensável que uma categoria inteira, responsável por movimentar
não apenas a área de TI, mas por criar ferramentas inovadoras e sistemas para
todos os demais segmentos da economia, permaneça à margem, sem uma definição
clara de seus direitos e deveres.
O debate sobre a regulamentação da profissão de TI se
arrasta há quase 40 anos - desde pelo menos 1978 é uma bandeira da categoria.
As diversas tentativas de levar esse tema adiante encontraram resistências,
sobretudo pela forte pressão exercida pelo setor patronal. Com argumentos de
que a regulamentação engessaria o setor de TI e criaria uma reserva de mercado,
a área empresarial tem jogado duro para impedir que os trabalhadores conquistem
o seu objetivo.
O que o segmento patronal insiste em não ver - ou pelo menos
oculte de seu discurso oficial - é que a regulamentação beneficiaria não apenas
os trabalhadores, mas traria ganhos diretos para as próprias empresas e para o
setor de TI.
De um lado, os profissionais da área passariam a ter
direitos e deveres claros, com a definição de critérios de formação
profissional, preceitos éticos e garantias uniformes, sejam esses trabalhadores
empregados de empresas de tecnologia ou funcionários de departamentos de TI de
companhias de outras áreas, como bancos e hospitais. É o que ocorre hoje, por
exemplo, com engenheiros, enfermeiros ou várias outras profissões que já foram
regulamentadas no passado. Não importa onde atuem, os trabalhadores dessas
áreas seguem as mesmas regras e têm direitos claros e bem definidos.
Para as empresas de TI, a regulamentação traria um ganho
imediato: a atratividade de talentos.
Hoje, embora o próprio setor empresarial reconheça que exista um déficit de
trabalhadores de TI no Brasil (fala-se em 200 mil empregados ou até mais), o
que temos assistido é a fuga de bons profissionais para outras áreas ou o
desinteresse de jovens em ingressarem na profissão.
Os motivos dessa fuga de mão de obra, na nossa visão, são
bastante claros. Muitos jovens com talento na área de exatas e com excelente desenvolvimento
do raciocínio lógico - características essenciais para um bom profissional de
TI - acabam escolhendo outras profissões ao vislumbrarem a falta de valorização
que o trabalhador de tecnologia da informação enfrenta. Afinal, sem a
regulamentação, empresas predadoras ainda veem espaço para canibalizar o
mercado de trabalho e, com isso, criar um ambiente desmotivador para os
profissionais da área.
Por fim, e tão importante quanto os benefícios para
trabalhadores e empresas, a regulamentação também traria um viés positivo para
a sociedade. Pergunte a qualquer cidadão se ele teria coragem de entregar sua
vida ao se submeter a uma cirurgia sem um médico devidamente registrado ou a
construir um edifício que não seja projetado por um engenheiro formado e
qualificado. A resposta, certamente, será não.
Hoje, os profissionais de TI desenvolvem softwares e
sistemas que são usados não apenas por médicos ou engenheiros civis, mas em
praticamente tudo: de carros autônomos a sistemas de defesa nacional. Com a regulamentação,
o trabalhador de TI terá preceitos éticos e ferramentas de controle, o que
trará muito mais segurança e confiabilidade para a sua atividade em áreas
sensíveis como as citadas.
Como vemos, está mais do que claro que a regulamentação da
profissão de TI só trará ganhos para todos. Por isso, é mais do que necessário
que estejamos unidos para atingir esse objetivo em defesa não apenas de uma
categoria, mas de toda a sociedade.”
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